Esta tela foi realizada vinte anos depois de A Ronda Noturna. Um Rembrandt maduro captou com seu pincel a reuniπo dos representantes da Corporaτπo de Tecel⌡es. Esta associaτπo tinha um peso extraordinßrio e especφfico na economia do paφs.
O pintor goza de um grande prestφgio naqueles anos. Recebe encomendas ambiciosas a cargo das instituiτ⌡es mais importantes. No mesmo ano em que ele executou esta tela, a prefeitura de Amsterdπ solicita seus serviτos para a confecτπo de A Conjuraτπo dos Bßtavos.
Os negociantes estπo dispostos em volta de uma mesa. O que preside a reuniπo se situa de frente com o livro de contabilidade nas mπos. O mais velho dirige o seu olhar para fora do quadro, enquanto seu companheiro se levanta da cadeira. Os olhares dos personagens e a atitude do indivφduo que se incorpora parecem sugerir que algo acaba de lhes interromper. Como se o espectador tambΘm participasse da representaτπo, o que suscitaria a estranha reaτπo dos retratados. Nπo Θ a primeira vez que um fato comum suscita diferentes reaτ⌡es entre os indivφduos que sπo fruto da mπo do artista.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
O pintor concebe a representaτπo com uma acentuada horizontalidade. A beira da mesa e a altura que alcanτam a cabeτa dos diversos homens, em geral, marcam ainda mais essa sensaτπo. A isso se soma as linhas que desenham a moldura que percorre a parede do fundo por cima dos personagens. O burguΩs que parece levantar-se serve de contraponto ao efeito dominante, evitando uma possφvel impressπo de pesadez. O resultado final Θ um grupo compacto e equilibrado. A unidade de aτπo se resolve com soltura, sem deixar de lado a caracterizaτπo dos indivφduos. Gestos e atitudes sπo captados com agudeza, frente a uma economia de elementos acess≤rios.
A iluminaτπo Θ suave. O efeito dramßtico estß reduzido. Com uma pincelada mais solta que minuciosa o pintor vai definindo as diferentes texturas. O claro-escuro faz-se menos chocante, a favor de um maior protagonismo do colorido. A gama empregada vai dos marrons e dourados, passando pelo preto e vermelho ao branco.
INTERPRETA╟├O
Os sφndicos sup⌡em a melhor materializaτπo do dom de Rembrandt como retratista. O pintor atravessa a maturidade com muito sucesso no campo profissional e esta incumbΩncia Θ boa mostra disso. Em A Ronda Noturna a caracterizaτπo individual havia ficado subordinada α aτπo do conjunto. Neste caso, preferiu-se encontrar o equilφbrio entre ambas opτ⌡es. Desta maneira, seu autor se mantΘm fiel ao gΩnero pict≤rico dos retratos civis. Esta tipologia responde ao gosto de uma sociedade burguesa, orgulhosa de si mesma. Seu poderio comercial transformou-a numa das mais pr≤speras da Europa.
No entanto, satisfazer a certos cΓnones estΘticos nπo Θ obstßculo para se conseguir uma unidade de aτπo. Desta vez, o elemento que desencadeia a tensπo dramßtica nπo foi pintado. Estß alheio α composiτπo material. Trata-se do pr≤prio espectador. Um hipotΘtico visitante irrompe entre os reunidos, suscitando diversas reaτ⌡es. O mestre amplia, com este recurso, o espaτo do quadro. Dota-o de uma maior humanidade, tornando-o uma obra-prima.
